Exposições - Memórias, sonhos e reflexões

Memórias, sonhos e reflexões

2005, Paço Imperial

Essa segunda exposição de Lago no Paço Imperial apresenta um trabalho sui generis dentro da sua produção, usando pela primeira vez a técnica de assemblage. Como a tentativa de Breton em sua escrita automática, ele escolhe aleatoriamente vários objetos que unidos dão forma a três instalações de ferro e alumínio fundidos. Num verdadeiro processo de anamnese, o artista conta e repensa sua história pessoal e artística.

Sobre este trabalho, o crítico de arte Fernando Cocchiarale escreveu: “Marcelo Lago apropria-se de objetos para fazer composições a serem moldadas e posteriormente fundidas, que em alguns casos, resultam em instalações. Entretanto, é preciso esclarecer, Lago usa o método da assemblage num sentido divergente daquele das vanguardas modernas. Embora se aproprie de objetos, não pretende construir uma nova forma e um novo espaço, como queriam os modernistas, mas criar em seu lugar narrativas híbridas, tão caras aos repertórios contemporâneos. A poética de Lago ultrapassa, pois, os repertórios modernistas da ruptura e da novidade, que emprestavam à arte características históricas e temporais inconfundíveis, para criar obras que parecem pertencer a vários tempos. A desconstrução da temporalidade histórica, da identidade estilística e dos repertórios modernos se dá não só nos materiais (ferro oxidado, alumínio, etc.) de que são feitas as obras, como também na fragmentação, a marretadas, dos moldes de gesso. Esses procedimentos sugerem uma ancestralidade que as obras, de fato, não possuem, pois, paradoxalmente, sua adoção é o principal indicio da contemporaneidade da poética deste artista”.